A guirlanda vermelha

Postado em 17 de dezembro de 2013

 

Guirlanda de Natal

 

 

Ela chegou alegre, tinha encontrado a guirlanda que vinha procurando há dias, para enfeitar sua casa para o natal. Enquanto procurava a chave na bolsa, ouviu vozes e a porta foi aberta por seu marido. Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele falou:
– Olhe o que eu comprei para nossa casa, não é linda?

Ela olhou a guirlanda que estava nas mãos do marido e disse simplesmente:

– Sim, é!
Desapontado, ele perguntou:
– Você não gostou? Ela tem bolas e flores douradas, combinam com os enfeites da nossa árvore.
– Gostei sim, só fiquei surpresa, você nunca se preocupou em comprar enfeites de natal.
– Ah é verdade! Essa guirlanda foi feita pela mãe de uma das funcionárias do escritório, eu comprei porque sabia que você queria uma nova para por na porta.
– Ela é bonita, pode coloca-la você mesmo.
– E você? Chegou tarde, fez as compras que queria?

 

Enquanto ele colocava a guirlanda na porta, ela entrou em casa e foi respondendo as perguntas do marido:
– Comprei sim, encontrei tudo o que precisava.
Um ano se passou, mais um natal se aproximava, porém a família estava incompleta. Ela partira. Um infarto fulminante levou-a para longe dos seus. O marido, desamparado com a perda da esposa, olhava para os enfeites de natal sem saber o que fazer com eles.
A filha aproximando-se disse:
– Papai, se você não quiser não precisamos montar a árvore de natal, nós entendemos.
– Não minha filha, sua mãe fazia questão de montá-la todo ano. Não quero que minha tristeza contagie vocês, precisamos pensar nas crianças.
– Todos sentiremos, inclusive as crianças, será o primeiro natal sem a vovó. O que é isso?
– É a guirlanda que sua mãe comprou para enfeitar a porta.
– Quando foi isso, ela parece nova?
– No ano passado, ela deixou na porta a que eu havia comprado para satisfazer minha vontade e eu fui incapaz de perceber que o que vi nos olhos dela foi decepção.
– Decepção?
– Sim minha filha decepção. Ela queria uma guirlanda com enfeites vermelhos, mas eu comprei a dourada e coloquei-a na porta sabendo que sua mãe permitiu apenas para me agradar. Eu nunca prestei atenção nos gostos da sua mãe.
– Acho que nenhum de nós observamos a mamãe. Ela sempre fazia nossas vontades. Algumas vezes eu cheguei a perguntar-lhe sobre isso e ela me disse: “não se preocupe comigo, o que importa é que vocês estejam felizes”.
– Você tem razão, ela era assim mesmo e esse jeito dela acabou me deixando acomodado e insensível aos desejos dela. Vou colocar a guirlanda vermelha na porta, embora seja tarde para reparar um erro do passado.
– Talvez não papai, quem sabe se no lugar em que ela está não poderá ver o que você está fazendo?
– Não sei minha filha, não acredito nisso. Mas, se houvesse a possibilidade de ela me ouvir, eu gostaria que ela soubesse que nunca amei ninguém como a amei. Ela foi a pessoa mais importante da minha vida. Esteve sempre ao meu lado, me deu filhos lindos, eu nunca vou deixar de ama-la. Venha me ajude a colocar a guirlanda na porta, afinal sua mãe não gostava de tristeza.

 

Pai e filha colocaram a guirlanda vermelha na porta e olhando para o céu, perceberam uma estrela brilhando. Sorriram um para o outro e entraram em casa. O brilho da lua clareava a entrada da casa e na porta, a guirlanda vermelha refletia sua luz.
Cristina Cimminiello

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