Maria Margarida Mesquita é a entrevistada do domingo

Postado em 05 de junho de 2016

 

Qual sua formação?

Maria Margarida Mesquita – Superior completo. Cursei letras e direito e me formei em 1981.

 

Como o Direito entrou em sua vida de maneira definitiva?

Maria Margarida – Em 1976, quando ingressei da administração pública, na Procuradoria Jurídica, sendo que cursava letras à época e me encantei com a área jurídica, estou formada há 35 anos.

 

Qual a área que prefere atuar? Por que?

Maria Margarida – Na área da família, porque sou muito família, mãezona. Amo ajudar meu próximo, resgatar: o amor, a auto estima nas mulheres, a cumplicidade entre o casal, a convivência harmoniosa entre pais e filhos, não suporto ver o sofrimento alheio e a injustiça.

 

Você foi uma das responsáveis pela vinda da Delegacia da Mulher para Suzano. E atuou efetivamente na Delegacia. Fale um pouco sobre isso.

Maria Margarida – Nossa como é maravilhoso poder falar da minha segunda filha (risos). Uma gestação de mais de 16 anos (risos), mas valeu a pena. Nunca desisti do sonho de ver a Delegacia de Defesa da Mulher – DDM, instalada em nossa cidade, e hoje é uma realidade, um trabalho árduo, com muita espera, paciência e amor. Minha dedicação e responsabilidade cresceram, ainda mais, quando o governador autorizou a instalação da DDM em dezembro de 2014. Após conhecer nossa delegada, Dra. Silmara, queria ver tudo funcionando com rapidez. E, como nosso prefeito Paulo Tokuzumi e nosso deputado estadual Estevam Galvão de Oliveira, me confiaram mais esta missão. Por 45 dias corri contra o tempo, em busca do local adequado, móveis, reformas, jardinagem, pintura e etc. Um trabalho de equipe e aproveito para agradecer a todos que sempre colaboraram e confiaram em mim.

 

Hoje você não está mais à frente da Comissão da Mulher Advogada, o que mudou na sua vida?

Maria Margarida – Nada. Absolutamente nada. Meu objetivo foi alcançado, ou seja, a Delegacia de Defesa da Mulher é realidade em Suzano. Foram 12 anos de presidência, de 2004 a fevereiro de 2016). Cumpri minha missão. Foram mais de 16 anos de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica na Delegacia de Polícia Central (implantado em 1.999). E, continuo atendendo na Sala Rosa e alguns casos delicados pela DDM, administração pública, sociedade civil, e etc. Ministrando palestras, integrante do Conselho dos Direitos da Mulher, do Condemat e outros. Minha parceria com a DDM, Poder Público, Judiciário, Sociedade Civil no enfrentamento à violência doméstica e familiar está, ainda, mais fortalecida.

 

Hoje vemos mais mulheres atuando em cargos antes só ocupados por homens. Além de advogadas, temos juízas, promotoras, enfim. Como vê esta ascensão?

Maria Margarida – Uma conquista de suma importância, afinal o Art. 5º, da Constituição Federal diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.”, portanto, a mulher está ocupando seu lugar, sua profissão, conquistando seu espaço perante à sociedade. A mulher tem e deve ser respeitada, onde quer que esteja. Ocupe a posição que ocupar. Respeito é a palavra-chave.

 

As mulheres têm mesmo mais tato para lidar com determinados assuntos? 

Maria Margarida – Acredito que sim, porque nós mulheres agimos mais pelo coração, instinto de mãe, então, por exemplo, para atender as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, temos que ter muito “tato” e compreensão, pois estão fragilizadas, magoadas, temerosas, com auto estima em baixa e precisamos resgatar seu amor próprio e devolvê-la ao seu cotidiano.

 

É uma área de muitas discórdias. Como fica a ética e a postura neste caso?

Maria Margarida – A área do direito convive com a discórdia, diariamente, então nós profissionais temos que ter a ética, o respeito, a educação, primeiramente, com nossos colegas. Se isso não ocorrer, como podemos exercer nossa profissão com honestidade e caráter? Como terceiros podem confiar num profissional desprovido de ética? O profissional do direito, sem ética, respeito, repleto de egoísmo pode enganar os leigos, mas Deus ele jamais engana ou enganará.

 

Existe um caso de estupro coletivo que tomou conta do noticiário nacional. As mulheres ainda têm medo de assumir o estupro? Qual o melhor procedimento nestes casos?

Maria Margarida – Assunto triste, infeliz, difícil de tratar em pleno Século XXI. Inaceitável o ocorrido. As mulheres têm vergonha de assumir o estupro, depois vem o medo. As vítimas devem procurar, imediatamente, as autoridades policiais (DDM – Delegacia normal, Distrito Policial), para denunciar os fatos. Após, as demais providências serão tomadas, como encaminhamento à saúde, assistência social, Sala Rosa, Casa do Advogado, Creas, Casa de Acolhimento e outros.

 

Falta muito para as mulheres conquistarem a liberdade tão sonhada?

Maria Margarida – Não. Nós mulheres já conquistamos nossa liberdade, nossa igualdade profissional, nossa independência e precisamos lutar mais para conquistarmos o respeito que merecemos, como o homem possui. Nosso país, ainda, exerce uma cultura bastante “machista”, mas aos poucos estaremos empatadas e igualadas aos mesmos, no que tange ao respeito e ética.

 

JOGO RÁPIDO

 

Um lugar

Meu lar

 

Um cheiro

Rosa

 

Uma cor

Azul marinho

 

Um filme

Advogado do Diabo

 

Um livro

Éramos Seis

 

Um momento

Nascimento da minha filha Karlla

 

Uma música

Detalhes

 

Um homem

Waldemar (pai)

 

Uma mulher

Eleonice (mãe)

 

Deus

Minha força, fé, coragem e existência

 

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