ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP

Postado em 05 de fevereiro de 2017

 

Exposição leva acervo do MASP, o maior da América Latina, ao CCBB do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e Brasília; parceria entre as instituições tem patrocínio do GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE

 

Jacopo Tintoretto, Ecce Homo ou Pilatos apresenta Cristo à multidão, 1546-47, acervo MASP

 

Ao longo da História da Arte, a representação da figura humana foi um meio de demonstração de poder do Clero e da aristocracia, da adoração de deuses e santos, da mimetização do real, da transformação da sociedade e da própria arte nos séculos 19 e 20. É esta diversidade de formas de representação que a mostra ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP apresenta ao público carioca a partir de 7 de fevereiro, reunindo mais de 100 obras do maior acervo de arte da América Latina no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB Rio. A exposição tem curadoria de Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, da equipe de curadores do MASP, e traz obras dos maiores nomes da arte mundial – Rafael, Francisco de Goya, Amadeo Modigliani, Vicent Van Gogh, Pablo Picasso, Edgard Degas – e da arte brasileira: José de Almeida Júnior, Anita Malfatti, Cândido Portinari, Lasar Segall e Victor Brecheret, entre outros tantos. A mostra tem o patrocínio do GRUPO SEGURADOR BANCO DO BRASIL E MAPFRE e será inaugurada no CCBB Rio de Janeiro, seguindo para o CCBB Belo Horizonte e depois para o CCBB Brasília.

 

1-Francisco-Goya-y-Lucientes-Retrato-da-condessa-de-Casa-Flores-1790-97-Acervo-MASP

O pintor e gravador espanhol Francisco Goya y Lucientes está presente com Retrato da condessa de Casa Flores (1790-1797) em diálogo com A educação faz tudo (1775-1780), do francês Jean-Honoré Fragonard. As obras, em composição com dois dos principais nomes da pintura acadêmica brasileira do século 19 – Interior com menina que lê (1876-1886), de Henrique Bernardelli, e O pintor Belmiro de Almeida (século 19), de José Ferraz de Almeida Junior – evocam o surgimento do Iluminismo europeu e a busca por um ideal civilizatório brasileiro durante o Segundo Reinado.

 

A partir dos séculos 19 e 20, a mimetização do humano é o meio pelo qual se trabalham a sensibilidade da cor e da forma, explorando a experiência plástica, como na Rosa e azul – As meninas Cahen d´Anvers (1881), de Pierre-Auguste-Renoir, e O negro cipião (1866-1868), de Paul Cézanne, obra que sintetiza os aspectos da pintura moderna.

 

Nus (1919), da pintora francesa Suzanne Valadon, tem como referência a concepção da cor puramente decorativa do pós-impressionismo e de Matisse para expressar o desejo de liberdade e comunhão com a natureza como ideal feminino.

 

Pablo Picasso, Busto de homem (O atleta), 1909, questiona de maneira provocadora os gêneros e limites da tradição pictórica com a figura de um lutador – provavelmente publicada em jornal. Com o formato de um busto, típico da tradição heroica comemorativa, o caráter do personagem em questão é definido a partir de volumes e texturas, como nas culturas grega e africana, que serviram de influência para todos os movimentos artísticos do início do século 20.

 

4-Vincent-van-Goch,-A-arlesiana,-1890-Acervo-Masp

Desta época, a mostra traz, ainda, obras emblemáticas de Vincent Van Gogh, A arlesiana (1890); Paul Gauguin, Pobre pescador (1896); Pierre Bonnard, Nu feminino (1930-1933); Amadeo Modigliani, Retrato de Leopold Zborowski (1916-1919), e uma série de esculturas de Edgar Degas que mostram a evolução dos movimentos de uma bailarina – Bailarina que calça sapatilha direita (1919-1932), Bailarina descansando com as mãos nos quadris e a perna direita para a frente (1919-1932) e o feminino, como em Mulher grávida (1919-1932) e Mulher saindo da banheira (fragmento), 1919-1932.

 

3-Ticiano,-Retrato-do-cardeal-Cristóforo-Madruzzo-1552-Acervo-Masp

O Modernismo é o momento da instituição de uma nova identidade nacional, por meio do abandono do academicismo que marcou a arte brasileira no período do Império e da Primeira República até 1922, da exploração de novas temáticas, que buscam a composição do caráter nacional, e de técnicas artísticas.

 

Nas obras de Carlos Prado, Varredores de rua (Os garis), 1935, Roberto Burle Marx, Fuzileiro naval (1938) e Vendedora de flores (1947), obra doada ao museu durante a SP-Arte/2015, estão narradas à realidade do povo diante das injustiças do país, assim como Candido Portinari, com São Francisco (1941) e Maria Auxiliadora da Silva, com Capoeira (1970), que narram traços da cultura popular brasileira.

 

Nomes referenciais do movimento trazem retratos de figuras importantes do mesmo. É o caso do Retrato de Tarsila, de Anita Malfatti, e o Retrato de Assis Chateaubriand, criador do MASP, por Flávio de Carvalho.

 

As marcas dos intensos conflitos sociais e políticos do início do século 20 estão nas obras do pintor e muralista mexicano Diego Rivera, O carregador (Las Ilusiones), 1944, e Guerra (1942), de Lasar Segall, imigrante judeu da Lituânia que se muda para o Brasil no início do século 20. Como é o caso também do pintor ítalo-alemão Ernesto de Fiori, que deixa a Alemanha fugindo da repressão nazista e se torna um nome influente do modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940. Do artista, a mostra apresenta a obra Duas amigas (1943).

 

Um dos artistas mais importantes do modernismo brasileiro, o escultor de origem italiana Victor Brecheret, criador do Monumento às Bandeiras, marco das celebrações do quarto centenário da cidade de São Paulo, está representado por seu Autorretrato (1940).

 

A criação de um acervo fotográfico também tem sido uma constante na história do museu, que as sistematizou, entre 1991 e 2012, por meio das doações da coleção Pirelli MASP, com trabalhos de fotógrafos brasileiros ou que possuam ligações com o Brasil. É o caso da fotógrafa de origem suíça Claudia Andujar, cuja série Yanomami (1974), feita a partir de longos períodos de imersão nesta cultura indígena, dialoga na mostra com a fotografia de João Musa, Barbara Wagner, Miguel Rio Branco e Luiz Braga.

 

Movimento fundamental para a elevação da fotografia à categoria de arte, o Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, fomentou e divulgou a obra de autores como Geraldo de Barros, Menina do leite (1946), e Antonio Ferreira Filho, Naquele tempo… (sem data).

 

Os desenhos de Albino Braz, parte do núcleo de 102 obras doadas ao MASP em 1974 pelo psiquiatra Osório César, foram realizados por pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juquery, no contexto da Escola Livre de Artes Plásticas. Outrora consideradas “arte dos alienados”, essas obras foram reclassificadas e, enquanto arte brasileira, receberam sua primeira exposição no Museu em “Histórias da Loucura: Desenhos do Juquery”.

 

Artistas contemporâneas também integram a mostra, reforçando o caráter do museu em estar aberto a novas mídias, suportes e linguagens da arte. Uma sala apresenta o vídeo Nada É (2014), do artista Yuri Firmeza. Pertencente à série Ruínas, o vídeo mostra diferentes momentos da história da cidade de Alcântara, no Maranhão, e a documentação da Festa do Divino. Trabalho (2013-16), de Thiago Honório, é uma instalação que se apropria de ferramentas recebidas como presente de operários durante a reforma de um espaço no qual o artista participava de uma residência artística, transformando-as em esculturas que metaforizam o corpo dos trabalhadores.

 

A mostra, com patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, se encerra com a instalação de Nelson Leirner, Adoração (Altar para Roberto Carlos), 1966, que remete a uma nova forma de sagrado nos dias de hoje.

 

MASP no CCBB: A figura humana através dos tempos – África, Américas e Europa

Local: Centro Cultural do Banco do Brasil | CCBB Rio de Janeiro

Abertura: 7 de fevereiro, das 9 às 21h

Período expositivo: de 8 de fevereiro a 10 de abril

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66

Telefone: +55 21 3808-2020

Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h.

Gratuito

 

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