A comemoração do Dia do Trabalho
Postado em 01 de maio de 2014
Marco Antônio contemplava a linha de produção da indústria quando sua secretária o chamou:
– Dr. Marco Antônio aqui estão os orçamentos que o senhor me pediu.
– Ótimo Ângela deixe-os sobre a mesa.
Como ele não saísse da janela para falar com ela, Ângela perguntou:
– Algum problema? O senhor está olhando para a linha de produção?
Virando-se ele lhe disse:
– Ângela venha até aqui. O que você vê?
– Vejo homens e mulheres operando máquinas, andando pelos corredores. Ela respondeu olhando na direção em que ele apontava.
– Só isso?
– Têm também as empilhadeiras, os caminhões manobrando no pátio aqui embaixo.
– Nada mais?
– Desculpe Dr. Marco, não estou entendendo o que o senhor quer que eu veja.
– Há quanto tempo você trabalha aqui?
– Há um ano.
– Você trabalha aqui a todo esse tempo e só consegue ver pessoas e máquinas?
– Sim, por que deveria ser diferente?
– É talvez você tenha razão, eu estou aqui desde que essa indústria foi fundada, e já se passaram trinta anos. Quem sabe daqui mais algum tempo você veja o que eu enxergo.
– Continuo sem entender Dr. Marco Antônio.
Ele sorriu e disse-lhe:
– Vou explicar-lhe: eu vejo trabalhadores desempenhando funções de operadores, motoristas, empacotadores, ajudantes, técnicos, engenheiros. Observe que ninguém está parado, todos se movimentam em torno das máquinas e das mesas onde desempenham seu trabalho. Isso acontece todos os dias, às vezes observo que alguns estão mais alegres que os outros e procuro saber o motivo.
Ângela interrompeu:
– Então é por isso que o senhor se reúne diariamente com o Paulo do RH?
– Exatamente, o estado de espírito das pessoas reflete no seu desempenho. Não tenho a pretensão de tornar todos felizes, mas às vezes alguém precisa de atenção especial. Sabe Ângela eles são a alma da minha empresa, preciso estar sempre atento a eles. Já tivemos problemas com oscilações do mercado, falta de compradores para nossos produtos, outras vezes, ao contrário, muitos pedidos o que exigia trabalho extra, e eles estão sempre ali, atentos, procurando fazer o melhor.
– Eu realmente não os via assim, com a sua explicação ficou mais fácil. Posso pedir uma coisa?
– Claro o que você quer?
– Posso rever aqueles orçamentos?
– Por quê?
– O senhor me pediu orçamentos para um almoço especial, eu cotei duas empresas e não me preocupei com o cardápio. Posso fazer uma nova cotação?
Rindo, Marco Antônio respondeu:
– Pode sim. Era o que eu esperava que você me disse-se depois dessa nossa conversa.
– Mas o senhor nem viu os orçamentos?
– Não foi preciso, a funcionária que trabalhava comigo antes de você ser contratada me fez o mesmo pedido.
– Agora o senhor me deixou sem graça. E ninguém no escritório me alertou sobre a sua visão da empresa.
– É porque eles estão acostumados comigo e conhecem meu modo de pensar. Isso faz parte da rotina de trabalho, ninguém deixou de passar-lhe essa informação, apenas eles imaginam que todos os funcionários que estão aqui sabem o que eu penso.
– E eu estou aqui há dois anos e não tinha percebido ainda. Desculpe-me Dr. Marco Antônio, eu prometo que mudarei minha forma de agir aqui dentro. Obrigada pelo conselho.
– Muito bem Ângela, por favor refaça os orçamentos e me entregue após o almoço e por favor peça ao Paulo para vir aqui.
– Pois não Dr. Marco Antônio.
Quando Paulo chegou encontrou Dr. Marco Antônio no mesmo lugar onde Ângela o deixara.
– Dr. Marco bom dia.
– Bom dia Paulo, você conversou com a Ângela?
– Não, ainda não falei com ela.
– Eu disse a ela como quero que ela veja nossa empresa, não preciso de funcionários que não consigam perceber a importância de todos os que trabalham aqui. Apenas isso. A reação dela foi a que eu esperava.
– O senhor quer que eu entreviste outra candidata?
– Não Paulo, não vamos demiti-la, tenho certeza que depois dessa nossa conversa ela vai interagir com o pessoal e utilizar todo o conhecimento que ela possui para engrandecer a nossa equipe e com certeza teremos uma ótima comemoração do Dia do Trabalho.