A Peste – no Teatro Eva Herz
Postado em 31 de agosto de 2019
Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia dirigem Pedro Osório em ‘A Peste’, de Albert Camus
Peça chega a São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro e Belo Horizonte
Estreia em 31 de agosto no Teatro Eva Herz
Pedro Osório em cena fotografada por Renato Mangolin
“Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que esta alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que esta multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para a desgraça e ensinamento dos homens,a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.”
AC
Considerado o principal romance do escritor franco-argelino Albert Camus, A Peste, escrito em 1947, dez anos antes de ganhar o Nobel de literatura, ganha adaptação teatral e chega a São Paulo, a partir de 31 de agosto, depois de passar pelo Rio de Janeiro e por Belho Horizonte em bem-sucedidas temporadas. Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia dirigem Pedro Osório num monólogo, que concentra a dramaturgia na figura e na perspectiva do personagem-narrador do romance, o médico Bernard Rieux interpretado pelo ator Pedro Osório. O trabalho começou há dois anos, quando Osório convidou Leme para dirigi-lo em “A Peste”. O diretor havia atuado em 2009 numa versão para “O estrangeiro” dirigida por Vera.
Sob o signo da miséria moral que se instala em uma sociedade, o texto da peça apresenta um recorte no romance que trata da história de Orã, cidade no litoral da Argélia, infestada por ratos e devastada por um mal súbito, que dizimou sua população. O médico Bernard Rieux se dirige ao público após passar um ano preso lutando contra o bacilo da peste expressando, em metáfora amplificada dos males da Guerra, especificamente da ocupação da França pelos nazistas, o flagelo de uma civilização contemporânea sob o signo da miséria moral.
“O texto é como uma vacina, que nos ajuda a enxergar através de uma tragédia ficcional a tragédia na nossa sociedade hoje. Assim podemos impedir e não sucumbir”, diz Osório.
Para os diretores, “A peste” é uma peça política, e o cenário tomado por carvão expressa, ao mesmo tempo, tanto a destruição destes tempos como uma possível transformação.
“A Peste reflete sobre a empatia, a prioridade do coletivo e a existência colocada como prioridade em contraponto ao indivíduo egoísta, em um estado febril dentro de uma sociedade doente. O personagem não é um herói, mas um homem que acha a saída através do trabalho cotidiano e honesto”, conclui o ator.
Em cenário árido que faz alusão a outra obra de Camus, “O Mito de Sísifo”, o médico, enquanto questiona a existência, a individualidade, o coletivo, a solidão, a morte e a resignação passa todo o seu tempo, assim como um Sísifo transportando incessantemente e conscientemente pilhas de carvão de um lado para o outro.
Albert Camus (1913-1960) escritor e dramaturgo francês, nascido na Argélia. Militante da Resistência Francesa, construiu suas obras a partir de discussões morais e existencialista sobre o mundo destruído e miserável do pós-guerra, principalmente em seu continente natal, África. Recebeu o Prêmio Nobel em 1957.
FICHA TÉCNICA
texto| Albert Camus
adaptação| Pedro Osório e Guilherme Leme Garcia
atuação e idealização | Pedro Osório
direção| Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia
colaboração| Gustavo Rodrigues
provocação de movimento | Toni Rodrigues
assistente de direção e coordenação artística | Karla Dalvi
cenografia| Guilherme Leme Garcia e Pedro Osório
iluminação| Adriana Ortiz
figurino| Ana Roque
paisagem sonora | Marcello H
design gráfico | Roberta de Freitas
fotos| Renato Mangolin
Produção executiva e administração | Sofia Papo
Assessoria de imprensa l Adriana Monteiro
operação de luz l Wilson Saraiva
operação de som l Sofia Papo
Serviço:
Teatro Eva Herz – São Paulo (Com direção artística de André Acioli)
De 31 de agosto a 08 de dezembro
Preços – R$ 60,00 e R$ 30,00
Sábados, às 21h e Domingos, às 19h
Feriados – 07/09, 12/10 e 2/11, às 19h
classificação etária | 16 anos
gênero | Drama
duração | 60 minutos
Local: Conjunto Nacional
Endereço: Av. Paulista, 2073 – Bela Vista – São Paulo/SP
Capacidade 168 (quatro lugares para cadeirantes)