Cientistas conseguem remover o cromossomo causador da síndrome de Down
Postado em 18 de novembro de 2012
Em nascimentos de bebês com vida, a síndrome de Down é tida como a mais frequente das trissomias. A condição faz com que o paciente desenvolva uma fisionomia característica, com olhos puxados, face arredondada, mãos e dedos curtos e vários problemas sistêmicos, como anomalias cardíacas, intelecto subdesenvolvido, envelhecimento precoce, demência e até mesmo casos de leucemia.
“Certamente, não estamos propondo que o método que descrevemos possa levar ao tratamento da síndrome de Down”, disse o Dr. Russell, um dos principais pesquisadores do projeto. “O que estamos fazendo é procurar por uma possibilidade para que cientistas médicos possam criar terapias para alguns distúrbios de formação sanguínea que acompanham a síndrome de Down”.
E o doutor cita um exemplo: algum dia, pacientes portadores da síndrome e de leucemia poderão fornecer células tronco derivadas de suas próprias células comuns, e assim conseguirem a trissomia corrigida em culturas de células, em laboratório. Eles poderiam então receber um transplante de seu próprio sistema celular – menos o cromossomo extra – ou de hemácias sadias, criadas a partir de células tronco modificadas, para assim cessar a evolução da leucemia, como parte do tratamento contra o câncer.
O doutor acrescenta que a possibilidade de gerar células tronco com e sem a trissomia do 21 a partir de um mesmo paciente poderia levar a um melhor entendimento de como os problemas ligados à síndrome de Down se originam. As linhas celulares seriam geneticamente idênticas, a não ser pelo cromossomo extra.
Assim, os cientistas poderiam pesquisar, por exemplo, o desenvolvimento de neurônios com a trissomia do 21, o que poderia ajudar a esclarecer a existência de danos cognitivos que surgem ao longo da vida destes pacientes e que tendem a piorar na idade adulta. Abordagens comparativas semelhantes poderiam buscar pelas origens, causas e possíveis tratamentos do envelhecimento precoce e das desordens cardíacas em portadores da síndrome.
A formação de trissomias também é um problema constante em pesquisas na área da medicina regenerativa, que utiliza células tronco. Russell e sua equipe observaram que sua abordagem poderia também ser usada para reverter trissomias que frequentemente surgem na criação de culturas de células tronco.
E como explicou Russell: a vantagem é que, uma vez eliminado o cromossomo, nenhum rastro é deixado. É preciso ter cuidado, no entanto, para que a remoção de um cromossomo não quebre ou desorganize a cadeia genética.
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