ENTREVISTA – Roberto Luiz Alves de Miranda

Postado em 25 de outubro de 2021

 

“Meu pai ficava bravo, por que eu dizia não isso não parece uma guitarra, falta isso, aquilo, ele dizia mas ai você está querendo a perfeição e eu respondia: só quero algo que eu colocaria na minha parede e ficasse observando.”

 

Como descobriu a gravidade da sua hérnia de disco?
Roberto Luiz Alves de Miranda: Um dia varrendo a casa, senti uma dor forte. Cai de joelhos no chão e chorei. Pensei que estivesse enfartando; ao me recompor fiquei muito preocupado e comecei a investigar. Foi quando comecei a não sentir mais a mão esquerda, com um tempo a mão direita, e posteriormente as pernas.

 

 

Os primeiros diagnósticos foram errados?
Roberto Luiz: Vários! As idas ao médico se tornaram constante, eles diziam que estava com estresse, crise de ansiedade, me mandaram para psicólogo, tratamento terapêuticos, etc.

 

 

Quem descobriu de fato o que tinha?
Roberto Luiz: Na mesma semana que um médico da Santa Casa fez o pedido da ressonância, a Ellen (esposa) havia marcado uma consulta em outra médica particular, que também pediu. Com a chegada do exame descobri uma lesão na medula, na área da cervical, nas vértebras c5-c6.

 

Ficou com medo de ficar paraplégico?
Roberto Luiz: Muito, muito mesmo. Após uma outra consulta em um especialista em coluna, que atendia pelo Albert Einstein, fui aconselhado a operar o mais rápido possível, senão ficaria em uma cadeira de rodas. Em outra consulta com médico da Polícia Militar, o Dr. Dias, também me disse que precisava operar urgentemente. Me disse que o meu problema não era degenerativo e sim, progressivo e que todo movimento que eu perdesse, não poderia recuperar mais.

 

 

Como ficou sua vida pessoal e profissional diante desta situação?
Roberto Luiz: Sempre fui uma pessoa saudável e forte. Como tocava guitarra pensei que fosse uma tendinite. No trabalho muitas vezes eu informava o Sargento que não estava passando bem e iria para a Santa Casa. Sabia que era alguma coisa fora do comum. Sentia que era atípico, que algo estava errado.

 

De onde veio sua paixão por guitarras?
Roberto Luiz: Iniciei minha vida musical tocando bateria e sempre via meu pai tocando violão, mas não era como o que eu via na TV. Quando conheci o Fábio e fomos para igreja, onde tinha uma guitarra bem velhinha para ser descartada, passei a treinar escondido com ela, até que veio a minha primeira guitarra (tenho ela até hoje). O mundo parava para mim.

 

 

Imaginava que isso que faz é uma obra de arte?
Roberto Luiz: Sinceramente não. Minha infância foi dentro de uma oficina. Meu pai era bombeiro e serralheiro. Quando nasceu o desejo de construir uma guitarra de ferro com peças de moto ou sucata, tinha um certo conhecimento.

 

Hoje você vive desse seu trabalho artístico?
Roberto Luiz: Não vivo. Eu sou Policial Militar e no momento estou trabalhando internamente. Um amigo foi a minha casa e disse que tinha uma pessoa, que também tocava guitarra, que queria presentear como gratidão. Assim foram surgindo outros pedidos. Tem esposas querendo presentear os maridos músicos. Mães querendo presentear os filhos que tocam, enfim. Meu médico me proibiu qualquer atividade de impacto físico, mas não me proibiu impactar corações, bom aqui estou (rs).

 

 

Onde tem suas obras?
Roberto Luiz: Uma está em Roraima, outra em Minas Gerais, já tenho pedido para o Rio de Janeiro, outras aqui em São Paulo. Recebi uma ligação do supervisor de fotografias “Tuâ” do Museu da Harley Davidson, que fica em Gramado me pedindo para fazer uma guitarra, baseada na placa Rota 66, para compor o cenário de fotografias do museu.

 

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